Após estes 5 meses difíceis de passar senti necessidade de te escrever. Penso que deves saber o quanto eras essencial para todos nós. A tua ausência deixa nesta casa um vazio difícil de compreender, a tua alegria e o modo como enfrentavas a vida era notória e contagiante, mas infelizmente e injustamente hoje tudo são lembranças que espero que fiquem connosco eternamente.
Lembranças essas que passam por todas as brincadeiras que tinhas connosco, particularmente com o Sandrito. Recordo-me de quando lhe ensinaste a meter o CD do Noddy e a contar até três para que começasse, recordo-me de lhe ensinares também a fazer o “bicho mau” e o quanto ele se ria contigo, recordo-me de quando chegavas e de ele te dizer "uauuuuu", porque embora pequenino já ele conseguia ver a tua beleza não só exterior, mas especialmente a tua beleza interior. Sabes ainda hoje é o dia que ele te reconhece, para ele serás eternamente a tia “ Naia” tal como ele te chama. Por ele nunca serás esquecida pois as tuas fotografias, as tuas músicas já são reconhecidas por ele, a tua linda voz até no ouvido dele permanecerá para sempre porque basta escutar a tua voz para ele dizer imediatamente “oh madrinha a Naia". Para além de tudo isto, qualquer flor que ele veja diz logo que é para ti porque ele tal como nós não te pode conceder mais nada a não ser flores. Sabes, enche-me de tristeza quando lhe perguntamos onde está a Nádia e ele diz que não têm…
Recordo-me do teu sorriso como se fosse hoje, por mais indignada que estivesses com a vida nunca o evidenciavas, eras feliz com a vida mas infelizmente esta atraiçoou-te…
Recordo-me igualmente de quando fui para o Porto estudar e senti-me inicialmente perdida, foi a ti que recorri, não só porque a tua profissão te ajudava a teres a habilidade de ouvir os outros mas também porque tu como pessoa estavas sempre determinada a ajudar…
Recordo-me também de quando o meu avô faleceu a força que nos deste e passado alguns meses sem ninguém contar partiste para a sua beira…
Recordo-me ainda de quando chegavas aqui a casa apitavas para que te abrissem o portão e ainda hoje é o dia que sempre que alguém apita na estrada me lembro de ti, quem me dera ainda hoje ter sempre assim as portas abertas para tu poderes entrar cá…
Contudo de todas estas recordações, a que mais me marca e mais me entristece é o último dia em que te vi, lembro-me de como se fosse hoje, lembro-me da tua roupa nesse dia, do teu último sorriso, da tua visita a casa da minha prima na qual estava a família toda reunida, da tua visita ao meu irmão para lhe desejar boa sorte para a operação e isto tudo apenas num dia, até parece que querias despedir-te de todos nós. Mas as palavras que ficarão para sempre na minha memória foram as últimas vindas de ti” TChau até amanha”... amanhã esse que não chegou a existir…
Mas infelizmente isto tudo são recordações, que ficarão para sempre na nossa memória, pois eras aquela menina de cabelos pretos encaracolados e compridos que com a sua voz cantou e encantou todos e que de um momento para o outro nos deixou…
Nunca mais te esqueceremos, porque:
Alguém como tu é
Difícil de esquecer e é
Impossível de acreditar que partiste…
Até sempre!
Texto enviado por : Ana Margarida Teixeira
